Por uma cultura inclusiva

Esse ano estive na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, um evento grandioso, talvez o de maior destaque no universo cultural brasileiro.

O evento aconteceu após a flexibilização dos rígidos controles de circulação impostos pela pandemia. A Bienal não pode ser realizada em 2020, então, já existia um hiato de 04 anos entre a última de 2018 até a presente edição.

Foi emocionante presenciar o vai e vem das pessoas pelos corredores, o folhear dos livros nos estandes das editoras e as sacolas recheadas de títulos.

Os números são impressionantes.

A Bienal contou com 182 expositores, que disponibilizaram cerca de 300 selos editoriais, entre nacionais e estrangeiros. Centenas de autores nacionais e internacionais. O evento recebeu mais de 660 mil visitantes em 04 dias. Mais de 3 milhões de exemplares foram vendidos.

Muitos autores consagrados estiveram presentes, caso dos nacionais Laurentino Gomes, Itamar Vieira Júnior, Mirian Leitão,e internacionais como o português Valter Hugo Mãe, a moçambicana Paulina Chiziane, o americano Nathan Harris, entre outros. O presidente de Portugal também deu a honra de sua presença.

Hoje, escrevo da FLIP, Feira Literária Internacional de Paraty, onde novamente presencio a efervescência da cultura brasileira. Autores, leitores, público em geral, debaixo de chuva e sol prestigiando a feira.

Percebo que alguma coisa falta.

E sem querer me perder em clichês, digo que falta uma política governamental para a cultura. É preciso que o estado (federal, estadual e municipal) patrocinem políticas culturais inclusivas.

Não estou falando de patrocínio a eventos (isso também é importante), mas sim de incentivar os autores e os editores com suas publicações. Do estabelecimento de políticas de inclusão de novos leitores. De acesso aos livros com a criação de clubes de leitores e mudança nos currículos escolares.

É importante para a cultura brasileira, para efetiva inclusão dos novos autores que estes sejam promovidos. Nas escolas, nas faculdades e no cotidiano dos leitores em geral.

Existe uma carência de incentivo do estado para com os novos escritores. Em países como a Noruega e a Finlândia, existem programas de compras de livros pelo governo para abastecer as bibliotecas públicas. E o devido incentivo para que os leitores tenham acesso a esses títulos.

Já é hora de integramos os vários públicos dessa corrente: o autor, o editor, o leitor e o governo como patrocinador de uma cultura inclusiva.

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