Tempo de redenção

Dom Hélder Câmara, afirma pensar o Natal como um ato de subversão, por trazer elementos que contestam o “status quo” da sociedade ideal: um menino pobre, uma mãe solteira, um pai adotivo… quem assiste seu nascimento é a ralé da sociedade, os pastores. É presenteado por gente “de outras religiões” (magos, astrólogos).

Eu gosto de pensar no Natal como um ato de redenção. Nunca encontraremos um ideal de justiça, porque o mundo, a sociedade em si não é justa. E a bem da verdade, nunca será, pelo simples fato de que nenhuma sociedade busca essa condição.

Existem diversos slogans, enunciados e preceitos que pregam essa “justiça social”, onde tudo é ou deveria ser, igual para todos. Isso é utopia. O ser humano é essencialmente dominador. Ele busca o poder e isso não mudará.

Esse sentimento de dominação está em todas as camadas sociais. Os líderes de nações que dominam seus seguidores. As vezes para o bem, as vezes para o mal. Nas empresas, nos presídios, nas agremiações, nos sindicatos (de trabalhadores e de ladrões) e até nos estratos mais abandonados existe a briga pelo puder.

E onde há briga pelo poder, pela dominação e pela riqueza, há injustiça.

Os mais fortes, os mais articulados, estarão por bem ou por mal, na frente dos menos preparados ou menos favorecidos. E este fato, por si só gera a injustiça. Quem está na frente, ou “por cima” gerará benesses e privilégios para si e para seu entorno.

Vale dizer que o papa vive mais confortavelmente que o bispo, este melhor que o padre, e o pároco melhor que muitos fiéis. É a lei da vida. É a forma como a sociedade foi estruturada.

Entretanto, apesar de tudo isso, o Natal é um momento de congraçamento. Pelo simbolismo criado em torno da data, esse dia se tornou um marco de esperança para a sociedade. Em todas as camadas sociais, ao menos por breves instantes, se pratica o amor.

E é bom que seja assim.

Isso nos faz ter esperança, acreditar que é possível melhorar as relações entre as pessoas. Ser mais tolerante, menos preconceituoso, vai diminuir a segregação social que permeia grande parte da sociedade.

Feliz Natal

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