Às mestras (es) com carinho

Recordo-me da Fazenda Barreirinho, na zona rural de Crixás, naqueles idos de 1.960. Eu começava a trocar os primeiros passos, e ainda assim, acompanhava a minha mãe nas manhãs ensolaradas e quentes, quando ela lecionava para os alunos da escola rural. Essa escola, aliás, um barracão ao lado da casa principal, foi um esforço do meu pai, Alfredo da Rocha Araújo, para atender o anseio de minha mãe, Adalberta Francisca dos Santos, (tia Adá, para alguns, Vó Adá, para outros), no desejo de alfabetizar os filhos dos vizinhos, compadres e agregados.

Fui crescendo e segui os passos dos irmãos mais velhos. A alfabetização e os primeiros anos de estudo, passados naquele barracão, trouxeram as bases daquilo que sou hoje. Minha primeira professora (e de muitos outros), foi minha mãe. Ela acendeu em mim o gosto pela leitura e pela escrita, que me acompanharam para o resto da vida.

Em Crixás, na sequência dos estudos, conheci verdadeiras mestras e mães. A saudosa dona Delmira Xavier Machado, diretora do colégio estadual Prudêncio Ferreira. Uma liderança inconteste, que misturava uma postura firme com os rebeldes, chamando-os à regra, e ao mesmo tempo, um coração de manteiga para conquistá-los. A professora Alzira Dias Souto, calma e mansa, com o português apurado que nos causava inveja. Maria das Graças, que ensinava matemática com leveza e graça. Irmã Cleci, ensinando português, Isaura, que lecionava história, e muitas outras que deixaram seus legados em nossas vidas.

Chegando em Goiânia, para mim terras distantes, (era mais um garoto longe de sua cidade natal), conheci verdadeiras mestras e mestres. Ainda no segundo grau, tive o prazer de ser aluno do saudoso professor Nion Albernaz, que se tornou um amigo e conselheiro. Na sua sabedoria, ele dizia: “devemos formar as novas gerações pelo exemplo”. A professora Olga Izilda Ronchi, que dedicou sua vida à educação. Em Anápolis, Ceres, no Liceu de Goiânia e no ensino superior.

Na faculdade de direito, um universo de mentes privilegiadas tive o prazer de conhecer verdadeiros sábios. Por mais que fossem pessoas destacadas em suas funções, levavam para a sala de aula aquele sublime desejo de ensinar. Para nós, além do aprendizado técnico, buscávamos exemplos de vida. Como esquecer o ministro Castro Filho, com toda a paciência e sabedoria nos primar com aulas memoráveis. Professor Nelci Silvério, um poeta sensível e romântico. O escritor e professor José Mendonça Teles, professora Nívea Maria e Valentina Jungmann.

As aulas memoráveis de teologia com o professor Ivo Mauri, os ensinamentos do direito processual com o professor e conterrâneo Irisvan Viana.

Todas as profissões são importantes, e cada profissional contribui com aquilo que aprendeu e o que de melhor possui em sua atividade. Entretanto, o professor (a) tem como maior objetivo ensinar, construir conhecimentos com os alunos, compartilhar informações, instruir, corrigir, apresentar caminhos e possibilidades. E para que ele consiga fazer isso, o professor ou a professora, precisa aprender sempre, e muito mais que isso, aprender a ensinar. Nos tempos modernos, o professor (a) não é mais o detentor do conhecimento, já que o conhecimento está disforme e pulverizado. Porque não dizer disruptivo. Na atualidade, o mestre, ou mestra passou a ser o mediador do conhecimento, aquele que acompanha e orienta seu aluno no próprio processo de aprendizagem.

Neste 15 de outubro, dia do professor, rendo minhas homenagens às mestras e mestres, que anonimamente ajudaram e ajudam a construir a personalidade e o futuro do nosso país, através do acompanhamento dos jovens estudantes e alunos sob sua orientação.

Feliz dia do professor.

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